domingo, 11 de dezembro de 2011

Fonte : Alvaro Neves o Eterno Aprendiz

Com 70% em favor dos unionistas o Estado do Pará se mante indivisível.


 A formação dos Estados de Carajás e Tapajós. O plebiscito já está definido em favor dos unionistas. Ainda assim, o porcentual surpreendeu. Cerca de 70% dos paraenses votaram contra a criação tanto de Tapajós quanto de Carajás.
O presidente da Frente contra a criação de Carajás, o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB), classificou o resultado como definitivo. “Não há condições políticas para se discutir (outro plebiscito) nos próximos 50 anos”, disse Coutinho.
A eleição teve um alto índice de abstenção, na casa dos 25%, mas ele não foi suficiente para contrariar as tendências apontadas nos trêslevantamentos do Datafolha. Na última pesquisa, o instituto revelou que dois terços dos eleitores paraenses votariam no "Não".
Os separatistas apostaram muito na abstenção da região metropolitana de Belém e cidades próximas para conseguir inverter as tendências apontadas nas pesquisas. Mas aconteceu justamente o contrário. A abstenção foi maior em Marabá do que em Belém e Santarém. Em Santarém, houve a adesão maior ao ideal separatista. Mais de 98% dos moradores da possível capital de Tapajós foram a favor da divisão do Estado.
Neste plebiscito, quem decidiu de fato foram os votos da região metropolitana de Belém, absolutamente contrários à divisão. Dois terços do eleitorado do Pará está em Belém e cidades próximas. A região oeste e sul do Estado ficou refém.
A votação ocorreu de forma tranquila em todo o Estado. Com uma ou outra manifestação de animosidade entre eleitores de frentes contrárias, mas sem agressões. As filas nas sessões eleitores foram menores que em uma eleição normal. Também surpreendeu o número de eleitores que esqueceram ou não sabiam ao certo o número pró e contra a criação dos novos Estados.
A partir de agora, será necessária apresentação de nova proposta de plebiscito para que ocorra uma nova votação. Não existe prazo para isso, mas como existem outros projetos em curso, provavelmente o de criação de Tapajós e Carajás ficaria no final da fila. Especialistas em direito eleitoral apontam que o prazo mínimo para uma nova eleição seria de três anos.
Líderes unionistas e separatistas apontavam instantes antes do início da apuração que o resultado contrário à divisão do Estado terá duas grandes conseqüências. Haverá um arrefecimento dos projetos de desmembramentos de outros Estados e também deve ser iniciado agora um lobby para mudanças nas políticas de realização de novos plebiscitos.
A proposta mais polêmica está relacionada à abrangência da votação. Hoje, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determina que toda o Estado a ser emancipado ou que perde território pode votar. As frentes separatistas querem reduzir esse eixo de consulta apenas as regiões que pedem para serem desmembradas.
Na lista de áreas a serem separadas estão o Maranhão do Sul (Maranhão); Gurgeia (Piauí); Rio São Francisco (Bahia); Araguaia e Mato Grosso do Norte (Mato Grosso); Oiapoque (Amapá) e Rio Negro, Solimões e Juruá (Amazonas).
No Pará especificamente, a não aprovação dos estados de Carajás e Tapajós frustrou o sentimento de mudança nas regiões oeste e sul do Estado. Principalmente em Tapajós, porque essa é a oitava tentativa frustrada de desmembramento da região do Pará. Em Carajás, há uma relação de indignação principalmente contra o governador do Estado, Simão Jatene (PSDB). Durante a campanha, houve o acirramento das diferenças entre oeste, sul e região metropolitana de Belém.
Os políticos unionistas afirmaram durante a votação que o plebiscito foi o momento de repensar o Estado do Pará. Eles prometem a partir de agora intensificar as campanhas contra a Lei Kandir, que exonera de impostos os produtos destinados à exportação. Uma das principais beneficiadas seria Marabá pela exportação do minério de ferro da Serra de Carajás.
“Agora vamos lutar pela mudança no pacto federativo que, para o Pará, tem sido ‘impacto’ federativo”, prometeu Coutinho durante a votação deste domingo. “Todos os paraenses vivem as suas dificuldades e tem razão em reclamar das ações públicas, agora a solução não era separar. Isso era remediar com racumim (raticida) a doente de malária”, disse Coutinho.

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