02/11/2011 16:52
Cabral em festa com os amigos Natalino e Jerominho, chefes da milícia Liga da Justiça |
Com a Lei da Anistia, com a restauração da democracia, com a volta das eleições diretas, julgamos que não veríamos mais brasileiros terem que deixar sua pátria para buscarem asilo em outro país, amargarem o exílio. Pois estamos vendo o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), diante da omissão do Estado para protegê-lo ter que deixar temporariamente o país, junto com sua família, por estar marcado para morrer pelas milícias.
É incontestável que as milícias estão dominando o Rio de Janeiro, contaminando as instituições, espalhando seus tentáculos, com a conivência explícita do governo Cabral que busca o controle político das comunidades, e tolera o regime de terror imposto por esses grupos de facínoras.
Convenhamos que não é normal, não tem explicação o silêncio das autoridades diante do caso do deputado Marcelo Freixo. O governador Cabral está passeando em Portugal nem para fazer média divulgou uma nota de apoio. Seu vice Mão Grande está descansando num spa também não quis falar sobre o assunto. O governador em exercício, que é presidente da ALERJ, Paulo Maria Mole também finge que não é com ele. O secretário de Segurança, Beltrame se esconde e mandou sua assessoria divulgar uma nota com mentiras já desmascaradas. Nenhuma instituição se manifesta, ninguém repudia essa violência, a situação gravíssima que vive o Rio de Janeiro.
Entidades representativas da sociedade permanecem mudas. É estarrecedor. A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) que já foi uma trincheira em defesa da democracia e da liberdade, ontem, divulgou nota oficial repudiando aquele episódio da interrupção da reportagem da TV Globo, mas ignora completamente os sucessivos golpes contra a democracia que estamos testemunhando.
Primeiro mataram a juíza Patrícia Acioli. Depois impuseram o exílio do deputado Marcelo Freixo. A cada dia mais pessoas vivem sob o jugo das milícias nas zonas Norte e Oeste que aterrorizam, ameaçam, extorquem, matam, roubam. No Centro da cidade as milícias já dominam pontos de táxis e áreas de comércio ambulante. Na Zona Sul, comerciantes já começam a ser pressionados e extorquidos; em ruas mais isoladas do Jardim Botânico uma milícia já tenta se instalar. Em outras áreas nobres moradores estão contratando empresas de segurança ligadas a policiais, com medo das milícias se instalarem.
Como naquele célebre texto dos tempos de perseguição aos judeus na Alemanha nazista, amanhã pode não haver mais ninguém a quem reclamar.
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..."
Martin Niemöller, 1933
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