quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Família de agiotas espalhava medo em cidade da Região Metropolitana

POR BRUNO MENEZES
Rio - Uma família de agiotas que agia e espalhava medo em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, foi alvo de agentes da 71ª DP (Itaboraí), na manhã desta terça-feira— pai e filho, além de uma terceira pessoa, foram presos. Segundo a polícia, os acusados emprestavam dinheiro a juros exorbitantes e, depois, ameaçavam e extorquiam os devedores. O símbolo da audácia dos criminosos era uma águia estrategicamente posicionada na fachada ou no telhado de imóveis na cidade.
Quadrilha de agiotas usava águia de gesso para marcar casas de suas vítimas | Foto: Lucas Figueiredo / O São Gonçalo
“Nessas casas, o grupo colocava uma águia de gesso, para identificar que os moradores foram expulsos e que as casas passaram a ser dos criminosos”, explicou o delegado Wellington Vieira.
De acordo com as investigações, Osmar Raimundo da Costa, de 49 anos, e filho dele, Cássio Gabriel da Costa, 22, estão por trás do assassinato do gari Paulo Roberto dos Santos, o Baiano, 51, em maio. Eles foram capturados nesta terça-feira, assim como José Carlos Ferreira da Silva, 52, conhecido como 2000, apontado como cobrador do bando.

O gari pediu R$ 250 como empréstimo no início de 2010. Em abril deste ano, a dívida estava em R$ 3 mil. No mês seguinte, foi assassinado na com um tiro na cabeça, quando varria a Rua 17, no bairro do Itambi.
Ainda segundo o delegado, Osmar seria o mandante da morte do gari. O assassino, no entanto, ainda não foi identificado. O segundo filho envolvido na agiotagem, identificado como Osmar da Costa, 25, fugiu e é considerado foragido. O trio deverá responder por formação de quadrilha, homicídio e extorsão.

Vítimas entregavam cartões de banco e do Bolsa Família
Como garantia para liberar o empréstimo, Osmar e os filhos exigiam que os ‘clientes’ entregassem cartões bancários de contas salário e até do Bolsa Família, com as senhas, para a realização de saques.
E, por conta das ameaças sofridas pelas vítimas, a polícia suspeita que algumas delas foram obrigadas a transferir imóveis para os criminosos: “Na casa de Osmar havia escrituras de casas da região. Caso seja comprovada a coação no repasse dos imóveis, as vítimas poderão reaver os bens”, disse o delegado. “Após reunir três testemunhas e checar informações do Disque-Denúncia, pedimos a prisão temporária dos três, por 30 dias”.

Águias eram guardadas em loja
Osmar e os filhos, segundo as investigações, também são donos de uma loja de material de construção em Itaboraí. Era lá que a família de agiotas recebia seus clientes, realizava os empréstimos e guardava as águias de gesso, que, em seguida, eram colocadas nos telhados das casas tomadas pela quadrilha como pagamento pelos empréstimos concedidos.

Por conta disso que a operação desta terça-feira, que contou com agentes da Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (CRPI) e da 70ª DP (Tanguá), foi batizada de Águia de Itambi.
A polícia busca ainda um quarto integrante do bando, que também teria a função de cobrar as dívidas das vítimas.
“Esperamos chegar até ele com os depoimentos ou através de mais ligações ao Disque-Denúncia (2253-1177), já que são anônimas”, disse Wellinton Vieira.

Dinheiro, cheques, cartões e joias
Na casa de Osmar, além das escrituras apreendidas, a polícia também recolheu 200 notas promissórias, cheques em nome de terceiros, aproximadamente R$ 4 mil, cartões do Bolsa-família e bancários, vários cordões e anéis de formatura de ouro, além de livros de contabilidade, com os nomes e as dívidas das vítimas.
A polícia também prendeu uma picape Hilux. “Precisamos agora de mais depoimentos de vítimas, para montarmos como funcionava o esquema e chegar aos assassinos de Baiano”, disse o delegado.

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