Cidadania e responsabilidades Por : Lucian G. Rugani " Blog Carp Diem "
Ultimamente, Cabo Frio tem aparecido com muita frequência no noticiário sobre criminalidade e, infelizmente, não vemos nenhuma movimentação mais intensa do poder público no sentido de modificar esse quadro.
Sábado passado, a única agência bancária de Tamoios, distrito de Cabo
Frio, foi explodida por bandidos. Ontem, matéria da Intertv revelou que
funcionários da limpeza de alguns bairros da periferia da cidade estão
sendo impedidos de realizar suas funções por serem vítimas de ameaças de
criminosos.
E, também ontem, mais uma matéria da Intertv, esta por
sinal muito interessante: tendo em vista o avanço da criminalidade, e a
carência de ações públicas para contê-la, moradores de Tamoios se uniram
para construção de novo DPO para a polícia. O distrito possui somente
seis policiais por turno para dar conta de uma população em torno de 46
mil habitantes, e o atual DPO encontra-se em situação precária, e,
apesar de muitos pedidos e solicitações de moradores, nenhuma ação
pública foi tomada para melhorar as condições da segurança. Assim, os
próprios moradores, cansados do silêncio e inércia do governo,
resolveram colaborar com doação de materiais, projeto e mão-de-obra para
a construção de novo DPO.
Não há que se questionar a excelente ideia e espírito de cidadania da
população, muito louvável e exemplo de atitude para todos nós, cidadãos.
Mas, vale a pena refletirmos de forma mais profunda em torno deste
fato.
É dever do cidadão colaborar para a melhoria do ambiente em que vive. Um
governo deve incentivar a cidadania, pois é dever do governo educar o
seu povo. Ações de união e cidadania sempre são bem-vindas e devem ser
estimuladas pelos governos, pois a vida em sociedade requer participação
de todos em prol do bem comum. Mas, participação de todos não significa
omissão do governo. Este tem sua competência legal e dela deve dar
conta. Em uma sociedade organizada, dotada de um governo constituído, os
atos
de cidadania devem ser de colaboração, de soma, e nunca de substituição
de responsabilidades.
Não se pode confundir o ato de colaborar com o ato
de assumir responsabilidades do outro. Se chegou ao ponto de ser
necessário que os próprios cidadãos se encarregassem da construção do
novo DPO, é sinal que alguma coisa não está funcionando bem. Onde fica a
responsabilidade do poder público no cumprimento de suas obrigações?
Por que não está agindo? Por que tanta inércia? Lembremos que Cabo Frio é
uma cidade com arrecadação de mais de um milhão de reais por dia, é uma
cidade rica.
Não há justificativa para que o governo não arque com sua
responsabilidade nessa questão e não assuma a obrigação que lhe é
própria. Muito justa a preocupação dos moradores e louvável a busca de
solução para um problema que os atormenta há tempos, para o qual já
fizeram inúmeras solicitações obtendo o silêncio como resposta. Mas, que
saibam de que estão executando algo de responsabilidade própria do
poder público, estão assumindo uma tarefa que faz parte do dever da
administração pública, portanto, que estejam conscientes de que tudo
isso é resultado da postura omissa de um governo eleito democraticamente
pela população, e que a mesma cidadania, responsabilidade e atitude que
estão tendo agora para realizar esta obra cabe-lhes ter no momento da
escolha de seus representantes.
Que se lembrem disso no momento único em
que terão a chance de mudar esse quadro elegendo aqueles que
verdadeiramente assumam suas obrigações e responsabilidades e que saibam
incentivar e promover a cidadania através do próprio exemplo de
atitudes.
Já disseram que "a palavra convence, o exemplo arrasta". Em uma sociedade cujo governo se esforça no cumprimento de suas obrigações, as pessoas são muito mais abertas ao aprendizado da cidadania e muito mais estimuladas a contribuírem. A postura de um governo reflete, e muito, no ânimo participativo de seus cidadãos.
Já disseram que "a palavra convence, o exemplo arrasta". Em uma sociedade cujo governo se esforça no cumprimento de suas obrigações, as pessoas são muito mais abertas ao aprendizado da cidadania e muito mais estimuladas a contribuírem. A postura de um governo reflete, e muito, no ânimo participativo de seus cidadãos.
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