sábado, 20 de abril de 2013




RIBEIRA DO PIAUÍ UM PONTO FORA DA CURVA E O TERRITÓRIO DO ESPÍRITO SANTO EM BUSCA DE SUA HISTÓRIA.
Prof. Dr. Gerson Vieira Camelo

A criação de um elevado número de municípios no Brasil, sobretudo no decorrer da década de 1990, teve duas faces. A primeira, conseguiu-se a autonomia de inúmeros povoados espalhados por todo o território nacional e a segunda, provocou um grande apagão na história destes locais. Na verdade ocorreu uma desconstrução de que fazia parte da cultura e da dinâmica política e social destes cantos do País. 

O caso do Espírito Santo, povoado localizado ao norte do município de São João do Piauí, no sudeste do estado do Piauí expressa bem essa situação. Porque, em 1995, conseguiu a almejada autonomia, mas simultaneamente perdeu o seu nome original. Foi substituído por Ribeira do Piauí, algo sem sentido visto que tal denominação significa “local situado na várzea de um rio” e o povoado fica longe do citado espelho d’água. 

Trata-se de um erro político monumental e uma contundente falta de respeito aos fundadores deste povoado (criado no final da década de 1940 e início dos anos de 1950) e com a população local e do seu entorno, porque não foi consultada para esta alteração que resultou no atual nome de invenção. Tal procedimento atenta contra a história, cultura, tradições e os referenciais da população destes locais. Quando na verdade é obrigação de toda e qualquer autoridade, assim como dos cidadãos cuidar e preservar as paisagens naturais e culturais dos campos, vilas, povoados e cidades do Brasil. Não tenho dúvida, que o Espírito Santo foi a vitima da falta de respeito com a sua população, pois se quer realizou um plebiscito para a troca do seu nome já que significativa parcela da população não estava de acordo com esta medida.

Já estive em algumas regiões do globo terrestre, incluindo a Europa (inclusive estudei na Inglaterra) e a América onde verifiquei o cuidado que o povo destas áreas do mundo tem com a história, cultura e a paisagem dos seus países. Lembro que têm casas comerciais centenárias em todo o continente europeu, assim como as fábricas de cervejas dos padres trapiches na Bélgica, outras na Alemanha, de vinho na França e na Itália que datam do século XII e continuam nos mesmos locais e com os seus nomes originais. 

Isso também ocorre em países da América, por exemplo o Peru, Chile, Uruguai e na Argentina onde se destaca a existência do Café Tortoni em Buenos Aires, fundado no ano de 1858 e continua funcionando. Neste semestre estou fazendo um curso em Port-of-Spain, capital de Trinidad e Tobago, pequeno país da América Central Insular (ilha) e aqui também se preserva as tradições culturais e a história das aldeias e dos locais deste País. Cabe destacar que preservação e a defesa da história e da cultura destes locais permite que estas regiões recebam milhões de visitantes todos os anos, inclusive a Argentina recebe mais turistas do que o Brasil. Desta forma, temos que cuidar da nossa cultura e da história incluindo os nomes dos locais como o Espírito Santo e do País.

O Brasil é um país livre e os brasileiros poderão se estabelecer em qualquer lugar do seu território, porém têm que preservar a história e a cultura dos locais porque pertencem a todos os brasileiros. Desta forma, o Espírito Santo sempre foi lembrado em decorrência da imprudência cometida com a troca do nome deste povoado, tanto que muita gente reclama desta medida desrespeitosa. Portanto, o retorno do seu nome original não caiu no esquecimento, por isso, é obrigação incondicional da autoridade constituída assegurar a sua volta, no caso a prefeita Irene Mendes da Silva Cronemberger com a ajuda da Câmara Municipal. Certamente, que a justificativa do fato consumado ou alegar que já passou bastante tempo não pega, a história prova o contrário, inclusive no próprio Piauí. Sabemos que muita gente continua se opondo ao lamentável descuido cometido no ato da autonomia do nosso povoado e reclama que isso precisa mudar, Espírito Santo é o nome do nossa cidade. 

Em todo o mundo se respeita a história, a nomenclatura e os nomes dos lugares dos seus logradouros, por que no Piauí e em outras partes do Brasil é diferente? Inclusive ao tomar posse o presidente, Governador ou prefeito(a)s juram que vão defender todas normas estabelecidas pela Constituição brasileira. Como brasileiro, nascido no Ingongo, território do Espírito Santo, antes parte do município de São João do Piauí, também exijo a volta do seu nome histórico. Não importa quanto tempo passou, porque o nosso direito não pode ser objeto de vontade e capricho de uma pessoa ou de um grupo sem compromisso com a preservação dos valores de nossa terra. Por isso, lembro a prefeita Irene Cronemberger, que fato de comete-se erros acontece, no entanto, os mesmos poderão ser corrigidos e neste momento, esta decisão cabe a Vossa Senhoria, pois os brasileiros do Piauí e dos outros estados do País, cobram providências e aguardam o retorno do nome Espírito Santo-PI.

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