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enviado em 18/04/2013 as 15:49
RIBEIRA DO PIAUÍ UM PONTO FORA DA CURVA E O TERRITÓRIO DO ESPÍRITO SANTO EM BUSCA DE SUA HISTÓRIA.
Prof. Dr. Gerson Vieira Camelo
A criação de um elevado número de municípios no Brasil, sobretudo no
decorrer da década de 1990, teve duas faces. A primeira, conseguiu-se a
autonomia de inúmeros povoados espalhados por todo o território
nacional e a segunda, provocou um grande apagão na história destes
locais. Na verdade ocorreu uma desconstrução de que fazia parte da
cultura e da dinâmica política e social destes cantos do País.
O caso do
Espírito Santo, povoado localizado ao norte do município de São João do
Piauí, no sudeste do estado do Piauí expressa bem essa situação.
Porque, em 1995, conseguiu a almejada autonomia, mas simultaneamente
perdeu o seu nome original. Foi substituído por Ribeira do Piauí, algo
sem sentido visto que tal denominação significa “local situado na várzea
de um rio” e o povoado fica longe do citado espelho d’água.
Trata-se de um erro político monumental e uma contundente falta de
respeito aos fundadores deste povoado (criado no final da década de 1940
e início dos anos de 1950) e com a população local e do seu entorno,
porque não foi consultada para esta alteração que resultou no atual nome
de invenção. Tal procedimento atenta contra a história, cultura,
tradições e os referenciais da população destes locais. Quando na
verdade é obrigação de toda e qualquer autoridade, assim como dos
cidadãos cuidar e preservar as paisagens naturais e culturais dos
campos, vilas, povoados e cidades do Brasil. Não tenho dúvida, que o
Espírito Santo foi a vitima da falta de respeito com a sua população,
pois se quer realizou um plebiscito para a troca do seu nome já que
significativa parcela da população não estava de acordo com esta medida.
Já estive em algumas regiões do globo terrestre, incluindo a Europa
(inclusive estudei na Inglaterra) e a América onde verifiquei o cuidado
que o povo destas áreas do mundo tem com a história, cultura e a
paisagem dos seus países. Lembro que têm casas comerciais centenárias em
todo o continente europeu, assim como as fábricas de cervejas dos
padres trapiches na Bélgica, outras na Alemanha, de vinho na França e na
Itália que datam do século XII e continuam nos mesmos locais e com os
seus nomes originais.
Isso também ocorre em países da América, por
exemplo o Peru, Chile, Uruguai e na Argentina onde se destaca a
existência do Café Tortoni em Buenos Aires, fundado no ano de 1858 e
continua funcionando. Neste semestre estou fazendo um curso em
Port-of-Spain, capital de Trinidad e Tobago, pequeno país da América
Central Insular (ilha) e aqui também se preserva as tradições culturais e
a história das aldeias e dos locais deste País. Cabe destacar que
preservação e a defesa da história e da cultura destes locais permite
que estas regiões recebam milhões de visitantes todos os anos, inclusive
a Argentina recebe mais turistas do que o Brasil. Desta forma, temos
que cuidar da nossa cultura e da história incluindo os nomes dos locais
como o Espírito Santo e do País.
O Brasil é um país livre e os brasileiros poderão se estabelecer em
qualquer lugar do seu território, porém têm que preservar a história e a
cultura dos locais porque pertencem a todos os brasileiros. Desta
forma, o Espírito Santo sempre foi lembrado em decorrência da
imprudência cometida com a troca do nome deste povoado, tanto que muita
gente reclama desta medida desrespeitosa. Portanto, o retorno do seu
nome original não caiu no esquecimento, por isso, é obrigação
incondicional da autoridade constituída assegurar a sua volta, no caso a
prefeita Irene Mendes da Silva Cronemberger com a ajuda da Câmara
Municipal. Certamente, que a justificativa do fato consumado ou alegar
que já passou bastante tempo não pega, a história prova o contrário,
inclusive no próprio Piauí. Sabemos que muita gente continua se opondo
ao lamentável descuido cometido no ato da autonomia do nosso povoado e
reclama que isso precisa mudar, Espírito Santo é o nome do nossa cidade.
Em todo o mundo se respeita a história, a nomenclatura e os nomes dos
lugares dos seus logradouros, por que no Piauí e em outras partes do
Brasil é diferente? Inclusive ao tomar posse o presidente, Governador ou
prefeito(a)s juram que vão defender todas normas estabelecidas pela
Constituição brasileira. Como brasileiro, nascido no Ingongo, território
do Espírito Santo, antes parte do município de São João do Piauí,
também exijo a volta do seu nome histórico. Não importa quanto tempo
passou, porque o nosso direito não pode ser objeto de vontade e capricho
de uma pessoa ou de um grupo sem compromisso com a preservação dos
valores de nossa terra. Por isso, lembro a prefeita Irene Cronemberger,
que fato de comete-se erros acontece, no entanto, os mesmos poderão ser
corrigidos e neste momento, esta decisão cabe a Vossa Senhoria, pois os
brasileiros do Piauí e dos outros estados do País, cobram providências e
aguardam o retorno do nome Espírito Santo-PI.
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sábado, 20 de abril de 2013
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